segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Segurados do INSS são alvo preferido das financeiras

A cada mês, aposentados e pensionista
s do INSS movimentam mais de R$ 2 bilhões na economia brasileira só em empréstimos consignados, segundo dados do Ministério da Previdência Social. A renda segura e vitalícia, o desconto direto folha de pagamento e a inadimplência, quase nula, fazem desse grupo de consumidores o alvo preferido de bancos e financeiras.
O baixo risco da transação garante aos idosos e, diretamente, às suas famílias, vasta oferta de crédito. Especialmente quando comparado a outros tipos de público, como jovens, solteiros, autônomos, donas de casa, que precisam apresentar boas garantias de pagamento para conseguir afastar o preconceito de serem impulsivos, endividados ou sem planejamento.
Mas a suposta vantagem traz também seus riscos. Levados pela emoção e sentimento, muitos aposentados fazem empréstimos de longo prazo para ajudar familiares e estouram o orçamento doméstico.
Socorro à família
“Pelo desconto ser em folha, o empréstimo consignado apresenta baixíssimos índices de inadimplência, mas eles existem. Geralmente são motivados por endividamentos desnecessários, isto é, para a compra de itens que não estão ligados diretamente à sobrevivência do aposentado e sim para socorrer familiares”, aponta o assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida.
Para se proteger de dívidas, é importante que, antes de assumir um empréstimo, o idoso fique atento à relação: prazo e tempo do empréstimo. “Apesar dos juros serem os mais baixos do mercado, tomar o dinheiro pelo menor prazo possível é a saída para evitar pagar além do necessário. Use o crédito com inteligência, apenas quando houver emergências e para financiar projetos que trarão retorno a longo prazo, como investimentos na reforma da casa ou outros bens duráveis. Por fim, não renove o empréstimo se não houver necessidade”, aconselha a economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), Myrian Lund.
Aos 72 anos, Maria Pedroza já se considera uma veterana quando o assunto é empréstimo consignado. Segundo ela, escolher um banco seguro e avaliar se o parcelamento na loja é mais vantajoso que o crédito é a saída para fugir de dívidas. “O meu primeiro empréstimo foi em financeira e a dívida ao final chegou ao triplo do valor pedido. Hoje avalio melhor”, diz.
Como se proteger de armadilhas
Nos últimos dois anos, o empréstimo consignado teve um verdadeiro ‘boom’. Multiplicaram-se as financeiras oferecendo crédito fácil e com isso também, os golpes. Especialista em Direito do Consumidor, Igor Leão, do escritório Pinelli & Mattar, destaca que é de responsabilidade das financeiras respeitarem o limite de 30% sobre a renda do aposentado.
“Se o banco aprovar o crédito além da cota, o segurado pode acionar a Justiça, por meio de um advogado, para cessar a cobrança através de medida cautelar. Além da restituição dos valores pagos acima do limite, o cidadão tem direito ainda a indenização por danos morais. Ele não fica livre da dívida, mas também poderá pagá-la sem comprometer a sua sobrevivência”, aponta.

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